Baroness - Purple (2015): Um soco na orelha.


O último lançamento do Baroness havia sido em 2012, desde então a banda passou por um período bem conturbado. Rolou o acidente, a saída de alguns integrantes (se você não sabe do que eu estou falando, confira aqui), e a chegada de Sebastian Thomson e Nick Jost, nas baquetas e quatro cordas, respectivamente.

MUITA EXPECTATIVA

Tudo isso gerou uma enorme expectativa em cima do Purple. Como a banda reagiria ao acidente, em termos de letras e composições? E o som dos caras, mudaria muito com os novos integrantes? Purple manteria a linha do Yellow & Green?

Pois é, pois é. Confesso que eu estava pilhado para ouvir esse disco. Todas essas variáveis deram um ar mais interessante ao lançamento.
E não posso negar: Fui surpreendido.

FULMINANTE COMO UM SOCO

Imagine-se em meio a um tumulto. O bar está lotado, a galera está toda brigando, e você só quer sair dali ileso.
Você está caminhando em direção à porta. E quando está próximo, muito próximo, alguém acerta um soco fulminante em você.

A porta de repente fica embaçada, a visão periférica fica turva... Você já não consegue mais ir em frente. O soco entrou em cheio, e agora o chão está encostando na sua orelha.

Foi mais ou menos essa minha sensação quando coloquei os fones, e botei o álbum para tocar. O soco foi a primeira faixa, Morningstar.
Eu estava de guarda baixa, e o soco veio.

SEM CHANCES DE RECUPERAÇÃO

Depois do primeiro soco, não consegui me recuperar. Virou sessão pancadaria. Era murro atrás de murro, na medida em que as músicas iam se revelando.
No final, apenas uma única certeza: Meus tímpanos derreteram.
“A não ser que você seja masoquista e curta tomar umas surras, esse não é um álbum recomendado para você. Tá mais pra 50 tons de cinza do que para o seu título original: Roxo (Purple).”
A compressão dinâmica está em um nível tão absurdo, que em certos momentos você tem dúvidas se está ouvindo música, ou se está sendo torturado.
As músicas entram agredindo, moendo, a analogia com socos se encaixa perfeitamente. Fica até difícil escrever sobre um disco tão mal produzido.

O produtor dessa merda bagaça é um cara chamado Dave Fridmann. Então fica a dica: Fuja para as colinas, corra como se não houvesse amanhã, quando vir esse nome.

AO VIVO DEVE FUNCIONAR

Quando eu disse, acima, que fica difícil escrever sobre um disco tão mal produzido, é principalmente porque as músicas são boas. A sensação que fica é de um grande desperdício.
Por isso resta a esperança de que ao vivo essas músicas funcionem muito bem. Já que elas não terão muitas chances saírem abafadas pela compressão dinâmica inexistente.

Kerosene é o primeiro destaque. O riff agitado, de progressão rápida, puxa uma pegada alucinante. A música agita e empolga.

Se até então as letras de Purple não impressionavam, essa sensação vai embora com Chlorine & Wine. O início lento, quase que um Pink Floyd, é subitamente cortado pelo vocal de Baizley.
A letra faz claras referências ao período pós-acidente, em que ele passou semanas no hospital. Isso já é possível de notar logo na primeira estrofe: “Quando eu chamei minha enfermeira/ Venha, sente ao meu lado/ Mas ela atravessou minhas costelas/ E empurrou os comprimidos goela abaixo”.

Por fim, If I Have to Wake Up (Would You Stop the Rain?), segue com um andamento mais lento, e uma forte carga emocional. Essa é outra faixa que, se não fosse a produção, teria tudo para ser um belo cartão de visitas do Baroness.

Purple se encerra praticamente aí.
Das outras músicas que não citei, Morningstar, Fugue e Desperation Burns são faixas totalmente dispensáveis. Enquanto que Shock Me, Try to Disappear e The Iron Bell compõem bem o elenco.

Há uma última parte, meio nonsense, chamada Crossroads of Infinity. A “música” tem apenas uma frase, e 17 segundos de duração. A frase e o título da música vem de um gibi do Quarteto Fantástico, edição número 51, de 1966! Na cena, o Senhor Fantástico se depara com um mundo de infinitas dimensões.
O Quarteto Fantástico, inspiração para o Baroness?

DEU RUIM

Assim como já aconteceu com tantos outros álbuns, aqui jaz mais uma vítima da Loudness War. Purple tinha tudo para apresentar grandes momentos, mas que infelizmente são estragados pela falta de dinâmica.

Ainda assim, alguma coisa consegue ser salva, mas com restrições e efeitos colaterais. Quem sabe algum dia poderemos ver álbuns sendo lançados sem esse apelo comercial absurdo?

Kill the lights! There's something wrong with today. This isn't me; this is on you. All I can say, all I can do is wait.

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FICHA TÉCNICA:
Artista: Baroness
Ano: 2015
Álbum: Purple
Gênero: Sludge Metal / Stoner Metal
País: Estados Unidos
Integrantes: John Baizley (vocal e guitarra), Nick Jost (baixo), Peter Adams (guitarra), Sebastian Thomson (bateria).

MÚSICAS:
1 - Morningstar
2 - Shock Me
3 - Try to Disappear
4 - Kerosene
5 - Fugue
6 - Chlorine & Wine
7 - The Iron Bell
8 - Desperation Burns
9 - If I Have to Wake Up (Would You Stop the Rain?)
10 - Crossroads of Infinity



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Sobre o Unknown

Depois de anos de estudo e dedicação à engenharia, percebi que era tudo um grande pé no saco. Joguei as coisas pro ar e fui para a ilha de Balboa (pode procurar no Google, ela existe!). Agora fico deitado na rede e ouço rock o dia todo.

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