Auguste Comte, praticamente o pai da sociologia e do positivismo, instituiu a ciência da moral. O francês dizia que a moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas.
Kant, por exemplo, defendia uma moral universal e impessoal. Isso faz sentido dentro da ideia de Comte, visto que os instintos teriam esse caráter imutável.
Então surgiu certo pensador alemão e bigodudo (sempre ele), que questionou todo esse conceito organizado e claro de moral.
“A moral é tão imoral como tudo o mais na terra. A própria moral é uma forma de imoralidade.” Com essa frase, escrita em A Vontade de Poder, Friedrich Nietzsche estabelece uma nova visão para o conceito de moral. Muito mais individualizada, e longe de ser algo positivo.
Pelo contrário, as leis da moral são prejudiciais ao homem, pois o impedem de encontrar seu verdadeiro eu.
Toda essa conversa filosófica é para lembrá-lo que, esse é um tema muito polêmico e longe de ser consensual. E o Morality’s Asylum é sobre isso.
Sem medo de cutucar feridas, o álbum é praticamente um tratado sobre a moral.
CUTUCANDO FERIDAS
Esse ponto de vista da moral sempre foi muito bem aceito, inclusive com outros grandes pensadores complementando esse conceito.Kant, por exemplo, defendia uma moral universal e impessoal. Isso faz sentido dentro da ideia de Comte, visto que os instintos teriam esse caráter imutável.
Então surgiu certo pensador alemão e bigodudo (sempre ele), que questionou todo esse conceito organizado e claro de moral.
“A moral é tão imoral como tudo o mais na terra. A própria moral é uma forma de imoralidade.” Com essa frase, escrita em A Vontade de Poder, Friedrich Nietzsche estabelece uma nova visão para o conceito de moral. Muito mais individualizada, e longe de ser algo positivo.
Pelo contrário, as leis da moral são prejudiciais ao homem, pois o impedem de encontrar seu verdadeiro eu.
Toda essa conversa filosófica é para lembrá-lo que, esse é um tema muito polêmico e longe de ser consensual. E o Morality’s Asylum é sobre isso.
Sem medo de cutucar feridas, o álbum é praticamente um tratado sobre a moral.
A moral é universal ou individual? |
QUEM SÃO ELES?
Antes de qualquer comentário adicional, irei fazer uma breve introdução sobre a banda. O Morality’s Asylum foi formado em 2015, e em 2016 lançou seu primeiro álbum, homônimo.Com produção independente e liderados pelo baixista e compositor Heitor del Ciel, a proposta é um álbum de metal progressivo conceitual.
O quarteto brazuka é complementado pelo vocal monstruoso de Riq Therrys (aqui você pode ver um belo resumo sobre a carreira do cara), Ricardo Domingues na guitarra (produtor do Rosa de Saron) e Daniel Moretti na bateria.
Ou seja, apesar do Morality’s Asylum estar no seu primeiro trabalho, o histórico dos músicos nos prova que não é um trabalho aventureiro, composto por marinheiros de primeira viagem. Pelo contrário, o conjunto já é bem maduro, e isso se reflete na qualidade do álbum.
“Mimimi, o metal nacional morreu. É só Angra e Sepultura, mimimi... Se seu amigo é desses, minha sugestão é enviar o novo disco do Morality’s Asylum goela abaixo dele. Ou se preferir, enfie por outro lugar.”
A banda. |
O CONCEITO
Como comentado no começo desse texto, Morality’s Asylum é sobre a moral (ou a falta dela), seja lá o que isso possa significar.O álbum é dividido em três atos. O primeiro, aberto pela faixa Hello There... Crazy People!, é aberto com Laws Don’t Matter.
Um personagem nos introduz o ambiente em que se passará o restante do álbum, um hospício da moralidade. O interessante é o questionamento que acontece no final: “Dentro ou fora?/ Aonde realmente é esse hospício?”.
Em Disregarded Morality temos o ponto alto. A construção instrumental é muito bem elaborada e a letra levanta questões sobre o que pode ser a moralidade.
O ponto de vista abordado se aproxima muito dos conceitos de Nietzsche, aonde a moral é individual, e não uma lei universal: “Devemos nos livrar/ Das fronteiras do pecado/ Nós ousamos acreditar/ Fazer nossa própria moralidade”.
2º E 3º ATO
O segundo ato é iniciado com Hi There... Crazy People!. É uma faixa bem humorada, boa para quebrar a tensão e ritmo do primeiro ato.Ao fundo, a banda toca quase que uma marcha, enquanto personagens dialogam usando referências como Singing in the Rain e Heat of the Moment, e ironizam o próprio álbum (“Onde está Jesus? Está na canção mais longa do álbum”).
E é nessa pegada de marcha, no som mecânico do tique-e-taque, que o gatilho é puxado para The Clockwork Paradigm.
Em tom crítico, temos outro grande destaque do álbum. “Nós vendemos liberdade por segurança/ Vendemos isso de novo e de novo”...
Quem nunca abriu mão da liberdade por uma suposta segurança? Quantos não acordam cedo, contra os próprios impulsos fisiológicos, e passam o dia inteiro trabalhando em algo que não dá o mínimo de prazer? Tudo isso pela suposta segurança de receber um salário no final do mês.
Seria isso moral? Vivermos sob o tique-e-taque do relógio? Trocando tempo por carros, roupas e perfumes?
As coisas que você possui acabam possuindo você. |
A segunda música desse ato é a minha favorita, Honor Among Thieves. “Então eu vi, um sistema que nunca me serviu/ A ética era sem propósito”, e justamente com essa filosofia meio Rousseana de que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, o Morality’s Asylum canta sobre o fim da honra.
Hey There... Crazy People! Abre o terceiro e último ato, nos apresentando a trilogia final: The Pledge, The Turn, e The Prestige.
Tirando a última faixa, as outras duas não me empolgaram tanto e acredito que não estão no mesmo nível do restante do álbum.
The Pledge e The Prestige são contrapontos entre as amarras da moral (o juramento) e sua libertação (o prestígio). Como diz na letra de ambas, “O homem do juramento/ E o homem do prestígio/ Nunca são a mesma pessoa”.
Senti falta de uma representação instrumental mais forte, que pudesse acentuar esses diferentes momentos.
Em compensação, o vocal de Riq e as letras escritas por Heitor del Ciel são o grande ponto forte. Um conceito muito bem escolhido e trabalhado.
Morality’s Asylum é um trabalho impressionante e uma estreia promissora. Uma surpresa na cena nacional.
Agora ficamos no aguardo de um próximo passo do conjunto. Seja com shows, novos projetos, um novo álbum... A única certeza é que esse trabalho não pode e não deve parar por aqui.
É um prato cheio para os fãs de metal progressivo.
Por fim, fica a reflexão. O que é a moral? E qual é a sua?
Hey There... Crazy People! Abre o terceiro e último ato, nos apresentando a trilogia final: The Pledge, The Turn, e The Prestige.
Tirando a última faixa, as outras duas não me empolgaram tanto e acredito que não estão no mesmo nível do restante do álbum.
The Pledge e The Prestige são contrapontos entre as amarras da moral (o juramento) e sua libertação (o prestígio). Como diz na letra de ambas, “O homem do juramento/ E o homem do prestígio/ Nunca são a mesma pessoa”.
Senti falta de uma representação instrumental mais forte, que pudesse acentuar esses diferentes momentos.
O PRÓXIMO PASSO
Instrumentalmente o disco é bom, apesar de faltarem alguns momentos mais marcantes.Em compensação, o vocal de Riq e as letras escritas por Heitor del Ciel são o grande ponto forte. Um conceito muito bem escolhido e trabalhado.
Morality’s Asylum é um trabalho impressionante e uma estreia promissora. Uma surpresa na cena nacional.
Agora ficamos no aguardo de um próximo passo do conjunto. Seja com shows, novos projetos, um novo álbum... A única certeza é que esse trabalho não pode e não deve parar por aqui.
É um prato cheio para os fãs de metal progressivo.
Por fim, fica a reflexão. O que é a moral? E qual é a sua?
“Your life is what you take. Destroy society as you destroy yourself.”
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FICHA TÉCNICA:
Artista: Morality’s Asylum
Ano: 2016
Álbum: Morality’s Asylum
Gênero: Metal Progressivo
País: Brasil
Integrantes: Daniel Moretti (bateria), Heitor del Ciel (teclado e baixo), Ricardo Domingues (guitarra), Riq Therrys (vocal).
MÚSICAS:
1 - Hello There... Crazy People!
2 - Laws Don't Matter
3 - Disregarded Morality
4 - City of Mirrors (Broken Glass 2)
5 - Hi There... Crazy People!
6 - The Clockwork Paradigm
7 - Honor Among Thieves
8 - Hey There... Crazy People!
9 - The Pledge
10 - The Turn
11 - The Prestige
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FICHA TÉCNICA:
Artista: Morality’s Asylum
Ano: 2016
Álbum: Morality’s Asylum
Gênero: Metal Progressivo
País: Brasil
Integrantes: Daniel Moretti (bateria), Heitor del Ciel (teclado e baixo), Ricardo Domingues (guitarra), Riq Therrys (vocal).
MÚSICAS:
1 - Hello There... Crazy People!
2 - Laws Don't Matter
3 - Disregarded Morality
4 - City of Mirrors (Broken Glass 2)
5 - Hi There... Crazy People!
6 - The Clockwork Paradigm
7 - Honor Among Thieves
8 - Hey There... Crazy People!
9 - The Pledge
10 - The Turn
11 - The Prestige
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