Queen - Queen (1973): A virtude da insistência...


Impossível você não conhecer o Queen. Mas bem possível você jamais ter escutado o primeiro álbum dos ingleses.
Se a sentença acima for falsa, seja pelo seu começo ou pelo seu fim, saiba que você é uma exceção.

O primeiro álbum da banda teve um impacto praticamente nulo quando lançado, e o Queen só virou o que é hoje pelos trabalhos posteriores.

A LUTA PELO PRIMEIRO ÁLBUM

Resumindo a história: Tudo nasceu de uma banda chamada Smile, um projeto de Tim Satffell, Brian May e Roger Taylor, nos idos de 68.
Tim teve a brilhante ideia de largar o baixo do Smile em 1970 e ir para uma banda chamada Humpy Bong... Era a deixa para o Smile passar por uma reformulação.

Freddie Mercury, que na época era conhecido por Farrokh Bulsara, era um fã do Smile, e os encorajava a tentar um som mais experimental e performances mais elaboradas.
E foi na saída de Tim que Bulsara cavou seu espaço. Com a troca, o Smile ganhara o melhor vocalista de todos os tempos em seu line-up. E um novo nome: Queen.

Depois de muitos baixistas, John Deacon se firmou no posto, e o trio se transformou em um quarteto. Com o time formado, em 1971, iniciaram as tentativas de gravar o primeiro álbum.
Um fracasso total. Os singles não atraíram nenhum interesse das gravadoras.
Foi mais ou menos nessa época que Farrokh Bulsara se transformou em Freddie Mercury, uma separação de sua personalidade introvertida fora dos palcos e de seu personagem extravagante e teatral nos palcos.
Logo do Queen, desenhado por Freddie, que era um estudante de artes.

Acumulando experiência nos palcos e material, o primeiro álbum foi sair apenas anos depois, em 1973. Com pouca estrutura disponível, pouco tempo de estúdio, e tantos outros perrengues que envolvem uma banda iniciante e desconhecida dos anos 70, nasceu o debut Queen.
Um sucesso de crítica. Um fracasso de vendas.
“Não sei quem se sentiu pior ao longo dos anos. Se foi o baixista Tim Satffell, que largou a banda antes de gravar qualquer coisa, ou se foram os executivos das trilhões de gravadoras que se recusaram a trabalhar com o Queen. Tiveram o prêmio da Mega-Sena em mãos, mas deixaram escapar.”

UM PROTÓTIPO

As características do álbum são distantes da sonoridade que consagrou o Queen. Os ingleses ainda buscavam sua identidade, e o trabalho saiu demonstrando forte influência do hard rock que bombava nas rádios da época, indo de Led Zeppelin à Deep Purple.

Queen é inconstante, selvagem, e bastante cru em certos aspectos, mas desde o primeiro dia os membros da banda já se mostravam compositores diferenciados, e com uma musicalidade incrível. Ouvi-los em seu primeiro álbum é como pilotar um protótipo de Ferrari... Alguns ajustes ainda precisam ser feitos, mas dá para perceber que o potencial é imenso.

As deficiências de Queen são poucas e distantes entre si, há muita música boa para ser experimentada, ainda que em um estilo distante do som mais comercial que os consagrou.

SINGLE MODESTO

O single do álbum foi também a faixa de abertura.
Keep Yourself Alive falhou ao não se colocar em qualquer lista das mais tocadas da época. Entretanto, hoje ela é reconhecida como um dos grandes hits do Queen.
Em uma lista elaborada pela Rolling Stone, Keep Yourself Alive ficou em 31º lugar entre as melhores canções com guitarra de todos os tempos.

A música foi escrita por Brian May, ainda antes da entrada de John Deacon.
Frederico Mercúrio em apresentação de Keep Yourself Alive, ainda ostentando longas madeixas.

UM POUCO DE TUDO

Outro grande momento do álbum, apesar de nunca ter virado single, é Great King Rat. Pessoalmente é minha música favorita. O único ponto fraco é a equalização da guitarra, que não está lá essas coisas... Mas faz parte dos percalços de uma banda iniciante sem estrutura por trás.

My Fairy King e seu começo Highway Star nos apresenta o mundo de Rhye, um mundo fantasioso criado por Mercury e que também é citado em outras músicas, como Seven Seas of Rhye.
Também é da letra dessa música que sai o nome artístico de Freddie – de Bulsara para Mercury. Graças à estrofe “Mãe Mercury/ Olha só o que eles fizeram comigo/ E não consigo correr e não consigo me esconder”.

Seguindo, temos Liar como a música mais pesada do álbum, e provavelmente de toda a discografia, uma das poucas a contar com o uso de um Hammond.
Demonstrando toda a versatilidade, The Night Comes Down puxa uma pegada mais psicodélica, fazendo inclusive referências à Lucy in the Sky with Diamonds: “Lucy estava chapada e eu também estava deslumbrante/ segurando o mundo aqui dentro”.
Queen também teve seus momentos de psicodelia.

E assim a banda segue com o rock clássico de Modern Times Rock 'n' Roll, e a quase gospel Jesus.
Dá para dizer que os caras atiraram para todos os lados, e acertaram praticamente todos os tiros.

MERECIMENTO

A grande lição de Queen é mostrar que tanta insistência valeu o esforço.
Os ingleses tinham tudo para cair no limbo de bandas que nunca conseguiram vingar... Foi difícil achar um baixista, depois foi praticamente impossível gravar o primeiro disco, e com o disco lançado o fracasso comercial foi tão grande que era um cenário bastante provável que eles desistissem e fossem fazer outra coisa da vida.

Mas, os deuses do rock não quiseram que esse fosse o destino do Queen, e o resto da história já conhecemos.
Um brinde aos que não desistem, um brinde à insistência!

Where will I be tomorrow? Will I beg or will I borrow? I don't care, I don't care anyway.

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FICHA TÉCNICA:
Artista: Queen
Ano: 1973
Álbum: Queen
Gênero: Hard Rock
País: Inglaterra
Integrantes: Brian May (guitarra), Freddie Mercury (vocal e piano), John Deacon (baixo), Roger Taylor (bateria).

MÚSICAS:
1 - Keep Yourself Alive
2 - Doing All Right
3 - Great King Rat
4 - My Fairy King
5 - Liar
6 - The Night Comes Down
7 - Modern Times Rock 'n' Roll
8 - Son and Daughter
9 - Jesus
10 - Seven Seas of Rhye



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Sobre o Unknown

Depois de anos de estudo e dedicação à engenharia, percebi que era tudo um grande pé no saco. Joguei as coisas pro ar e fui para a ilha de Balboa (pode procurar no Google, ela existe!). Agora fico deitado na rede e ouço rock o dia todo.

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