Genoma do Rock - Big Band: O jazz cresceu...


Nós já falamos sobre o nascimento do jazz aqui. Quando jovem, ele era faceiro, curtia a vida, e não fugia da boemia. Soube aproveitar sua juventude como poucos.
O tempo passou, ele cresceu (e como!).

Lógico que todo crescimento traz mudanças: O jazz ficou um pouco mais organizado, mais popular, e o principal: Mais rico. O jazz ganhou fortunas!

A ILEGALIDADE E WALL STREET

O jazz era muito tocado nos bares clandestinos, os famosos speakeasies. Afinal, a lei seca ainda estava viva nos Estados Unidos. Estamos em plena década de 20, e a lei seca só caiu em 1933.

Ter um bar ilegal era arriscado. Mas existe uma lei que Wall Street, hoje, conhece muito bem: Quanto maior o risco, maior o retorno. Por isso esses bares clandestinos ganhavam rios e rios de dinheiro.

Outra vantagem de ser clandestino é que você não paga impostos. Se nada é declarado, o dinheiro vai todo para o caixa. O próprio Al Capone era dono de muitos bares subterrâneos em Chicago, e foi justamente por esse crime (sonegação) que o mafioso foi parar no xadrez.
Ei Al Capone, vê se te emenda. Já sabem do teu furo, nego, no imposto de renda.

Os Estados Unidos também viviam um momento de bonança. A Primeira Guerra Mundial terminou oficialmente em 1918, e o desenvolvimento econômico no pós-guerra era cavalar.
Wall Street valorizava alucinadamente, investidores ganhavam dinheiro infinito, todos achavam que o sonho americano era real.
“Em 1929 houve um choque de realidade em Wall Street. Os norte-americanos descobriram que não existia dinheiro fácil e tudo era uma grande bolha, mas antes disso tudo era motivo de festa.”

CACHÊ NÃO É PROBLEMA

Contrastando com as juke joints de blues, os speakeasies ostentavam instrumentos. Os músicos, além da ampla formação musical, tinham tudo o que havia de melhor à disposição.

Então, como uma tendência natural, as bandas de jazz começaram a experimentar novos instrumentos e arranjos. As coisas iam dando certo, e como o cachê era grande, contratar mais músicos não era um problema. O show tinha que continuar.

Com mais músicos e mais instrumentos, começou a surgir um problema: A organização.
Oras, se você está tocando com mais 2 ou 3 caras ao seu lado, é fácil deixar a improvisação e jams instrumentais rolarem soltas.
Só que aí sua banda dobra de tamanho. Se por um lado as possibilidades de variações aumentam, as chances de o som embolar e virar bagunça são imensas.
Alguém tem que colocar ordem na casa.

ORGANIZANDO A PARADA

É aí que nasce a big band, também conhecida como a era do swing. O gênero deriva diretamente do jazz, só que abre mão de alguns aspectos tradicionais.

O primeiro ponto é que a banda passa a ter um líder. Um cara responsável por organizar a bagunça. Geralmente, mas não necessariamente, esse cargo ficava na mão de um trompetista.

Com partituras em mãos e arranjos complexos, o improviso reduz. As bandas começam a ensaiar, combinar passagens e entradas. Então, se a principal marca do jazz era o espírito livre, a big band adota uma estrutura mais engessada.
As improvisações aparecem em apenas alguns momentos, os famosos solos.

No início a estrutura tradicional era com dez instrumentistas, mas com o passar do tempo a formação que se consolidou foi com dezessete membros. Além dos instrumentos metálicos de sopro, os instrumentos de corda ganham papel mais destacado.
Alguns conceitos aplicados até hoje no bom e velho rock começam a nascer aqui: Temos bandas com um frontman, uma estrutura quase sempre fixa de compassos (4/4), aparecem os primeiros riffs e solos, e o refrão torna-se um pré-requisito (geralmente algumas notas acima do resto da música).

O ambiente favorável e o som de fácil assimilação contribui para um gênero festivo e extremamente bem sucedido comercialmente.
“Deixa só eu assinar esse contrato milionário aqui e já volto a tocar”.

TODOS QUEREM UMA FATIA DO BOLO

Como dinheiro é bom e todo mundo quer, o sucesso comercial do big band provocou um efeito manada, fazendo com que muitos artistas consagrados no jazz aderissem ao gênero.

Os nomes mais relevantes nesse efeito migratório são Louis Armstrong, Duke Ellington e Paul Whiteman. Não por acaso eles também são citados no capítulo do jazz.
Outro cara que ganha enorme destaque é Jelly Roll Morton.
Agora, uma observação minha: As mulheres se destacaram muito nos capítulos anteriores do Projeto Genoma, mas aqui já não surgem com a mesma força. Seria esse um retrato de uma sociedade mais machista? Ou mera coincidência?

Os exemplos da era moderna ficam por conta de Duke Ellington (Duke Ellington's Far East Suite, 1967), The Gil Evans Orchestra (Out of the Cool, 1961), Charlie Haden (Liberation Music Orchestra, 1970), Dave Holland (What Goes Around, 2002) e The Don Ellis Orchestra (Electric Bath, 1967).

PRECURSOR DA ERA MODERNA

Talvez o big band tenha sido o maior responsável por moldar o cenário do mercado fonográfico atual.

O estilo se desenvolveu ao longo das décadas, sobrevivendo à Grande Depressão e à Segunda Guerra Mundial. Virou febre em 1933, nos recém-lançados jukeboxes, além de ter uma presença marcante na televisão e cinema. James Bond que o diga.


GENOMA DO ROCK
Antecessores:
Jazz
Sucessores:
Boogie Woogie
Jump-Blues

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Sobre o Unknown

Depois de anos de estudo e dedicação à engenharia, percebi que era tudo um grande pé no saco. Joguei as coisas pro ar e fui para a ilha de Balboa (pode procurar no Google, ela existe!). Agora fico deitado na rede e ouço rock o dia todo.

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