Graveyard - Innocence & Decadence (2015): Mais sóbrios.


E o Graveyard finalmente partiu para o quarto disco! Depois do ótimo Lights Out, lançado em 2012, os suecos focaram em turnês pelo mundo, e isso significou cerca de três anos sem material novo.

UM JÁ CONHECIDO NOVO INTEGRANTE

O grupo passou por uma fase meio conturbada no ano de 2013. E isso talvez possa explicar esse hiato entre o Lights Out e agora, com o novo Innocence & Decadence.
O baixista e cofundador do Graveyard, Rikard Edlund, teve alguns problemas com exageros químicos e decidiu se internar em uma clínica de reabilitação.

Após um tempo fora dos palcos ele voltou a se apresentar com a banda, até que em outubro de 2014 as coisas não rolaram muito bem e ele foi afastado definitivamente.
Não foram divulgados maiores detalhes ao público, até porque o Graveyard não tem a característica de ficar jogando merda no ventilador, como muitas outras bandas fazem para aparecer na mídia.
Reza a lenda que a separação foi amigável, apesar de boatos afirmarem que ele voltou a andar na linha tênue entre exageros e prazeres.

Bem, deixando de lado o momento fofoca, ao melhor estilo TV Fama, vamos falar de música. E nesse ponto a saída de Rikard foi uma grande perda.
Além de mandar bem nas quatro cordas, ele era um dos compositores do grupo. E sua habilidade sempre foi reconhecida pelo Graveyard, sendo costumeiramente referido por eles como o mestre dos riffs.

O escolhido para seu lugar foi Truls Mörck, que assim como Rikard, fundou o Graveyard. Entretanto Truls tinha saído da banda antes mesmo de eles gravarem o primeiro disco.
Bem, temos um novo membro que não é tão novo assim. Apesar disso, uma incógnita. O que esperar dele?
Truls Mörck em: A volta dos que não foram.

FALANDO EM EXPECTATIVAS

Se não sabemos o que esperar do novo baixista, já sabemos muito bem o que devemos esperar do Graveyard.
Os três discos anteriores criaram uma identidade muito bem definida para a banda: Rock em uma pegada clássica, aliado a uma qualidade impressionante.

Ao mesmo tempo em que essa identidade e reconhecimento de qualidade soam positivos, há uma responsabilidade e peso maior no lançamento de novos discos.
Quando você não espera nada de algo ou alguém, o que vier é lucro. Já quando as expectativas são altas, a chance de frustração passa a existir, e mesmo um trabalho razoável pode transmitir um sentimento de decepção.
“Quando vou almoçar em um boteco, saciar a fome já basta. Quando vou à um bom restaurante, quero muito mais do que isso. O Graveyard é como o restaurante. Não quero apenas saciar minha fome. Deles, eu espero muito mais do que isso.”

MAIS SÓBRIOS

A primeira percepção ao iniciar as audições de Innocence & Decadence, é o fato de ele soar muito mais sóbrio do que seu antecessor, Lights Out.
Reflexo da saída de Rikard? Amadurecimento? Nova proposta? Sei lá.

Eles deixam o blues um pouco mais de lado (sem abandoná-lo completamente) e se aproximam de um rock mais cru. O resultado final é menos arrasto e rasgos, mais objetividade e linhas retas.

A abertura, com Magnetic Shunk, é o exemplo dessa pegada. A letra também mostra uma nova faceta, mais explícita e sem indiretas. É como se eles tivessem achado alguma composição antiga do AC/DC... “Não precisa ser gentil, querida, eu prefiro do jeito sujo/ Me trate como seu eu fosse o crime, e você, a lei”. Vai dizer que não dá pra imaginar Bon Scott cantando esses versos?
O Graveyard tem seu momento AC/DC.

A sequência continua boa com o hardão de The Apple & the Tree (clique aqui para ver o clipe) e o blues balada Exit 97, essa última, lembra mais o que foi feito em Lights Out.

Mas os dois destaques ficam por conta da quinta e sexta faixa, Can’t Walk Out e Too Much Is Not Enough.
Em Can’t Walk Out o vocalista Joakim brinca com repetições de palavras, acompanhado de uma levada dançante e suaves doses psicodélicas.
Too Much Is Not Enough parte para aquela blueseira típica do Graveyard. Você pode conferir aqui o clipe dessa música.

INOCÊNCIA E... DECADÊNCIA?

Depois disso sinto que Innocence & Decadence perde um pouco do rumo. From a Hole in the Wall tenta uma pegada nova, usando uns riffs derivados do metal, mas ela não consegue empolgar (apesar de chamar atenção).

O resto soa como repeteco do que já foi feito. A banda resolve ficar na zona de conforto até o álbum terminar.

Exceção para Stay for a Song, que parece ser uma saideira em grande estilo. O vocal de Joakim é bastante destacado enquanto ele fala de seu lado solitário, mesmo quando está cantando para grandes multidões (“Nos palcos, quando eu encaro multidões/ Por dentro ainda me sinto sozinho/ Mas eu sei que sou um cantor decente/ E na maioria dos dias posso me manter afinado”).

O problema é que a música acaba efetivamente aos dois minutos de meio, e depois são mais dois minutos de pura enrolação, que não agrega absolutamente nada. Lembrou-me o que o King Crimson fez em Moonchild... Ou seja, cagaram no pau.

AINDA É GRAVEYARD

Innocence & Decadence ficou abaixo das expectativas, isso é inegável. Entretanto, isso não significa que se trata de um disco ruim, mas, conforme eu expliquei no começo do texto, quando falamos de Graveyard falamos de altas expectativas.

Esse não é um álbum que eu mostraria para algum amigo que quisesse conhecer a banda. Certamente eu indicaria outro.
Agora, para os fãs dos suecos, fiquem tranquilos. Innocence & Decadence não é o melhor do Graveyard, mas também está longe de ser descartável. Ainda é o novo velho Graveyard.

Someday you'll see the shades of grey; so baby please doesn't let your love, baby please doesn't let your love turn to hate.

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FICHA TÉCNICA:
Artista: Graveyard
Ano: 2015
Álbum: Innocence & Decadence
Gênero: Hard Rock
País: Suécia
Integrantes: Axel Sjöberg (bateria), Joakim Nilsson (vocal e guitarra), Jonatan Ramm (guitarra), Truls Mörck (baixo).

MÚSICAS:
1 - Magnetic Shunk
2 - The Apple & the Tree
3 - Exit 97
4 - Never Theirs to Sell
5 - Can't Walk Out
6 - Too Much Is Not Enough
7 - From a Hole in the Wall
8 - Cause & Defect
9 - Hard-Headed
10 - Far Too Close
11 - Stay for a Song



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Sobre o Unknown

Depois de anos de estudo e dedicação à engenharia, percebi que era tudo um grande pé no saco. Joguei as coisas pro ar e fui para a ilha de Balboa (pode procurar no Google, ela existe!). Agora fico deitado na rede e ouço rock o dia todo.

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