Syncage - Unlike Here (2017): Algo novo no front.


Rock progressivo. Italiano. Colocar essas três palavras em uma mesma frase já nos remete a uma série de conclusões precipitadas, e geralmente corretas.

Bem, não se precipite aqui.
Algum tempo atrás, quando escrevi sobre o último álbum do Ingranaggi della Valle (Warm Spaced Blue, 2016), comentei sobre a diferença entre ser uma banda de rock progressivo italiano e uma banda italiana de rock progressivo.

O Syncage está na segunda categoria.

CRIANÇAS, POR FAVOR

“Crianças, por favor/ Agora olhem para mim/ Vamos aprender algo novo...”. Esses são os três primeiros versos de School, música que abre o disco Unlike Here.
Algo novo. É exatamente isso que o Syncage parece oferecer.

São várias camadas, transições, atmosferas, tudo dentro de um limite que não soa como mera virtuosidade egocêntrica. Os italianos mostram uma incrível e rara capacidade de serem complexos e objetivos ao mesmo tempo.
“Posso estar soando exagerado. Talvez eu esteja exagerando mesmo. Mas ser complexo e objetivo são características extremamente raras no mundo prog. É algo que lendas do gênero, como King Crimson e Gentle Giant nos ensinaram com maestria. E o Syncage aprendeu a lição.”
Quando falo de Gentle Giant e King Crimson, separe as coisas. Estou comparando apenas com uma característica de ambos (em algumas fases da carreira).
Não que o quarteto se pareça, em sonoridade, com as lendas citadas acima. Como disse lá no começo, o Syncage oferece algo totalmente novo e moderno.

O CONCEITO

No clipe de School (clique aqui para conferir), nos primeiros segundos, é mostrado um jornal. Na manchete há a seguinte mensagem: O nosso novo CD é um álbum conceitual que nos reflete.
Um reflexo satirizado da sociedade termina em tom sóbrio e sério.

A história toda evolui aos poucos, mas o recado é dado logo no início.
O tom animado e empolgado de School, em que são vomitadas regras e imperativos nos ensinando como ser um humano, mostra a ingenuidade com que aceitamos as imposições.

A quebra vem na sequência mais melancólica de Uniform, mas ainda recheada de imperativos. Além do belo arranjo, não tem como ignorar o vocal de Matteo Nicolin.

Skyline Shift mostra o narrador fugindo do conceito de sociedade: “Aonde eu vivo agora/ Não há instituições/ Para tomar conta de mim”. Aparentemente existe um lugar aonde não é necessário seguir regras e usar máscaras.

Eu disse aparentemente, porque a história mostra que se manter longe desse conceito não é possível. Algum tempo depois, em Redirect, a rotina, a pressão, seu emprego, sua casa... Ou seja, a humanidade está de volta.
E quando ele tenta escapar, como a transição de Bearing the Colour com Edelweiss, o resultado é frustrante.

MUSICALMENTE

Apesar de ser o primeiro álbum dos caras, estamos falando de uma banda relativamente experiente e madura. Isso porque eles já existem como grupo há cerca de 10 anos.
A formação conta com os irmãos Riccardo e Matteo Nicolin, mais seus dois amigos de infânica, Daniele Tarabini e Matteo Graziani.

Descrever o Syncage musicalmente é uma árdua missão. Tentar usar comparações para simplificar a tarefa seria injusto e impreciso. É um som difícil e que por vezes pode se alongar mais do que o necessário, ficando um pouco cansativo. Ainda assim, o todo é em alto nível.

Então, a dica que dou é: Ouça. Ouça, viaje, e tire suas conclusões. Garanto que você não vai se arrepender. Temos novidades no front.

Wake every day with a uniform; to become a part of the system we must all serve. Same time and same place; pick up a lesson and read it all over again until everyone knows.

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FICHA TÉCNICA:
Artista: Syncage
Ano: 2017
Álbum: Unlike Here
Gênero: Rock Progressivo
País: Itália
Integrantes: Daniele Tarabini (baixo), Matteo Graziani (violino e teclado), Matteo Nicolin (vocal e guitarra), Riccardo Nicolin (bateria).

MÚSICAS:
1 - School
2 - Uniform
3 - Still Unaware
4 - Skyline Shift
5 - Stones Can’t Handle Gravity
6 - Redirect
7 - Bearing the Color
8 - Edelweiss
9 - Hunger Atones
10 - Unlike There



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Sobre o Unknown

Depois de anos de estudo e dedicação à engenharia, percebi que era tudo um grande pé no saco. Joguei as coisas pro ar e fui para a ilha de Balboa (pode procurar no Google, ela existe!). Agora fico deitado na rede e ouço rock o dia todo.

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